Infância iluminada
por Graziele Conceição
Anna era parteira, e neste honroso ofício encontrou meio de usar da caridade na hora mais importante das mães e das novas vidas que surgiam das Mãos Criadoras de Deus. Ela nunca cobrava pelos serviços prestados. Algumas vezes, porém, lhe ofereciam algum mantimento em forma de agradecimento. Mas, na maioria das vezes, voltando para casa, encontrava seus filhinhos ansiosos para ver o que ela trazia, e, conformada, lhes dizia que, naquela ocasião, não tinha nada para lhes mostrar. Dizia: “Eram mais pobres do que nós”.
Algumas vezes, quando às pressas saía para auxiliar as mães, levava consigo o pequeno Bento, e em algumas dessas ocasiões, encontrando dificuldades nos partos, com risco de vida para a mãe e seu filhinho, teve uma inspiração divina. Ela já havia percebido que seu caçula tinha algo diferente das outras crianças.
Teve a ideia então de utilizar desta graça que Deus lhe dera: sentava seu filhinho em um banquinho, pegava uma bacia com água e lavava-lhe a mão direita com o pé esquerdo; em seguida, a mão esquerda com o pé direito. Esta água que passava por seus pequeninos membros era dada à mãe angustiada pelo momento tão decisivo. Passavam-lhe na barriga, e até bebia algumas vezes, e então, o parto acontecia sem mais nenhuma complicação para ambos. Anna dizia a Bento: “Não conte isso para ninguém, senão, não poderei mais usar deste meio para salvá-los”. E assim, pôde, com o auxílio de seu filhinho, salvar muitas vidas nesta Terra.